O PROJETO



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O Samba da Tradição  é uma iniciativa independente que realiza, desde outubro de 2011, homenagens mensais a membros da velha guarda do samba e do carnaval da cidade de Curitiba (PR).

Os eventos são realizados na Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio, que segundo o mapeamento do Portal dos Clubes Negros do Brasil é atualmente o terceiro clube negro mais antigo do país, localizada na região histórica central da capital paranaense. Em 2012, o Samba também teve uma temporada no Espaço Cultural Calamengau, então localizado no bairro Hauer região sudeste de Curitiba, casa tradicional de forró da cidade, numa proposta de descentralização das atividades culturais. Em 2013 as homenagens voltaram a acontecer na Sociedade 13 de Maio, onde são realizadas até os dias de hoje.

Todas as edições do evento foram realizadas de maneira independente, numa ação coletiva entre artistas, produtores culturais, pesquisadores, sambistas e carnavalescos. Além do fomento das produções musicais de sambistas curitibanos e paranaenses, da nova e velha guarda, o projeto realiza o registro em áudio das trajetória de seus homenageados, escolhidos devido ao seu reconhecimento no cenário do samba e do carnaval da cidade (disponibilizados neste mesmo blog).

Visto que atualmente este cenário cultural encontram-se ausentes da historiografia e dos registros oficiais, as ações do Samba da Tradição apresentaram-se como um importante momento de afirmação identitária afro-brasileira em Curitiba, colaborando para o valorização desta população, assim como desta manifestação cultural e deste espaço - a Sociedade 13 de Maio - historicamente vinculado à negritude na cidade.
Através de periódicos e documentos históricos, tem-se o registro do samba e carnaval na cidade desde a segunda metade do século XIX (VIACAVA, 2010), todavia esta historiografia ainda encontra-se fora das crônicas oficiais e do próprio imaginário sobre a cidade. Se em outros locais do país o samba e o carnaval já se encontram integrados às identidades locais, Curitiba ainda é uma cidade carente de materiais referentes a esta manifestação brasileira, sendo permeada por um senso comum de “ inexistência” do samba e do carnaval, assim como da própria população negra na formação do estado do Paraná e em especial de sua capital.

Apesar de todas as adversidades, estas manifestações nunca deixaram de existir em solo curitibano. Muito pelo contrário, encontram-se vivas e pulsantes, num processo dinâmico de produção, no qual se articulam tanto os referenciais nacionais quanto as particularidades locais, o que torna o carnaval e o samba manifestações tradicionais interessantíssimas para pensar não apenas sobre elas mesmas, mas também sobre as relações étnicas, culturais e sociais estabelecidas na cidade.

Tomando o conceito de “tradição” como aprendizado e experiência, ela não se encontra ligada a um passado estagnado, mas refere-se justamente a sua inventividade para sua continuidade (GONÇALVES, 2008). Dentro do presente projeto, a percepção de como esta dinâmica se desenvolve em Curitiba provem de seus próprios atores: sambistas e carnavalescos tomados como referências pela própria comunidade, entretanto até o momento invisibilizados em um plano mais geral.

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